terça-feira, 18 de junho de 2013

Cultura de Paz nas Escolas é tema de palestra para educadores


Texto  de João Filho
Fotos: Ascom  Sepaz



A inserção da cultura da paz nas escolas foi tema das discussões durante Seminário Regional da Paz (Sercapaz), realizado nessa segunda-feira (17), no Centro de Convenções Ruth Cardoso, em Jaraguá. O seminário foi uma realização das Secretarias Municipal de Educação (Semed) em parceria com a Secretaria de Estado da Promoção da Paz (Sercapaz), e trouxe à Maceió o professor João Roberto Araújo, internacionalmente reconhecido por suas teorias sobre a Paz.
O seminário teve como objetivo ampliar a noção do que é cultura da paz e como ela pode ser implementada nas escolas sob os aspectos da inclusão social e do debate em torno de políticas pedagógicas voltadas para a construção do afeto entre os agentes envolvidos no processo educacional.
Durante a abertura do evento, numa demonstração de sensibilidade, as crianças do coral da Escola Municipal Audival Amélio encantaram e emocionaram todo o auditório cantando Aleluia, A minha alma abrirei, de Paulo Roberto; Meu limão, meu limoeiro de José Carlos Burle; A vida do Viajante de Luiz Gonzaga; Sementes do Amanhã de Erasmo Carlos. A frente do coral, o maestro Carlos Magno, voluntário da escola, fez a plateia interagir com as crianças cantando a música de Jota Quest, “O Sol”. No final da apresentação, a diretora da escola Maria Eunice resumiu a belíssima apresentação das crianças com a declaraçãoesse trabalho é resultado de muito amor”.
Para a secretária de Educação, Ana Dayse Dorea, em sua fala de abertura disse que há doze anos, os dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) já apontavam para essa necessidade de se trabalhar uma cultura de paz nas escolas. “É nosso desafio transformar a escola em um ambiente de sensibilização e vivência”. Emocionada com a apresentação das crianças a secretária afirmou que é por essas crianças que ela voltou à Semed e está contribuindo com a educação do município.
Mas o grande momento do Seminário ficou por conta do professor João Roberto Araújo, idealizador do programa Educação para a Paz nas Escolas e nas Famílias e autor do livro Educação Emocional e Social.
Segundo ele, nos apropriamos do conhecimento não só através da ciência, mas também pela filosofia, tradições e artes, fazendo referência a apresentação das crianças do coral. “Somos filhos de uma história evolutiva, filhos da biologia e também filhos da cultura. Eu sou muito a influência que recebi”, ponderou durante sua palestra.
 
João Roberto fez um comparativo entre as crianças que nascem em um lar amoroso, onde a mãe ainda grávida põe uma música suave e passa óleo na barriga acariciando e desejando aquele ser que virá ao mundo e aquelas crianças que são rejeitadas no momento que se inicia o seu desenvolvimento ainda no útero materno com as tentativas de aborto. “Essas crianças se tornam impactadas com esse mal tratamento durante sua infância. Elas trazem um déficit afetivo e não tem amor próprio”
O professor disse que o amor próprio é a construção que o outro oferece. “Então, hoje, os aplausos e as emoções de todo o público com a apresentação das crianças se constituiu nesse amor próprio para elas”. E continuou “ Se você fala em humanização na educação, você tem que ter respeito a história dessas crianças. O papel da escola é oportunizar essa convivência para todas elas. Não podemos falar em humanização sem tomar consciência do papel da escola”.
De forma metafórica, João Roberto disse que no tratamento da meningite, dois medicamentos são usados, o que combate a febre e aquele que combate a bactéria. “Polícia e justiça são remédios de combate a febre social. É necessário combater os porções de pobreza com políticas sociais.
Ainda durante sua palestra, o professor João Roberto também destacou as inteligências múltiplas, teoria desenvolvida a partir da década de 1980 por uma equipe de investigadores da Universidade de Harvard, liderada pelo psicólogo Howard Gardner, que buscava analisar e descrever melhor o conceito de inteligência. O professor disse que a violência é o analfabetismo emocional. “muitas crianças com sua história de vida não sabe lidar com o medo, com a raiva, com o ciúme”. Segundo o professor, educar para a paz é educar para as emoções. “ Educação emocional é o processo educativo sistemático que promove a autonomia emocional, a melhoria da convivência a melhoria da aprendizagem”, afirmou.
Finalizando sua palestra, o professor disse que melhorar o clima emocional na escola é decisivo na aprendizagem das crianças. “Mais importante que a estrutura da escola, do prédio e de tudo mais, é o clima emocional, onde todos que fazem a escola estejam envolvidos nesse clima de paz”.


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