A música é a expressão artística que fala diretamente ao coração, e tem o poder de transformação social e cultural de crianças, adolescentes e jovens. Com a proposta de tirar crianças carentes de situações de risco e formar músicos profissionais, o projeto social Orquestra Maré do Amanhã nasceu em 2010, na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro.
Em turnê de espetáculos gratuitos pelo Nordeste, os músicos se apresentaram no Teatro Deodoro, na tarde da última terça-feira (16), para as crianças das escolas municipais Almeida Leite, Maria José Carrascosa e Creche Tereza de Lisieux, além de instituições particulares e da rede estadual de educação.
Ainda na entrada, a inquietação das crianças era visível. A maioria vem de comunidades carentes e nunca teve a oportunidade de contemplar uma verdadeira apresentação de música clássica, também chamada de erudita. Algumas sequer conheciam um teatro. A expectativa era grande, não só dos pequenos que não sabiam o que estava por vir, mas também dos professores e coordenadores que os acompanhavam.
Em poucos instantes, as poltronas do teatro vazio foram tomadas pelos estudantes, mas a alegria teve seu lugar garantido. Sob os olhares atentos e curiosos da criançada, a atmosfera de silêncio que precede o início do concerto logo foi quebrada pela suave melodia dos violinos, flautas e contrabaixos conduzidos pelo maestro Filipe Köchem. Na abertura, o coordenador do projeto, Carlos Eduardo Prazeres, fez um breve passeio pela história da música e deu uma pequena aula de história.
Os jovens músicos cariocas tocaram desde as clássicas obras de Mozart e Beethoven, até uma versão para a música-tema de “Game of Thrones”. Em determinado momento, Prazeres convidou duas crianças de escolas da rede para conduzir – de maneira simbólica – os músicos no palco.
O frenesi entre a garotada foi incontrolável e muitos professores se emocionaram. Ao final do espetáculo, para surpresa maior de todos, a Orquestra Maré do Amanhã apresentou versões de músicas populares nordestinas, a exemplo de “Asa Branca” e “Eu só quero um xodó”, dos músicos Luiz Gonzaga e Dominguinhos, respectivamente.
“Eu adorei. Nunca tinha visto uma orquestra de perto”, confessou Micaelly de França, aluna do 1º ano da escola Maria José Carrascosa. Seu colega de classe, João Vitório, compartilhou da mesma opinião, e acrescentou: “Achei tudo lindo. Quero vir de novo”.
Thiago Guimarães (estagiário)/Ascom Semed
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