quarta-feira, 30 de maio de 2018

Escolas debatem combate ao abuso sexual de crianças


Na Escola Municipal Audival Amélio da Silva, do Sítio São Jorge, os alunos do 4º ano assistem atentos a um vídeo que mostra uma situação de abuso. “O Segredo”, da série de animação Os Pássaros e as Abelhas, conta a história de Nara, uma garotinha que sofre abuso sexual e não sabe lidar com isso. Quando sua professora percebe que algo está acontecendo com ela, a chama para conversar e acaba descobrindo o que um amigo da família fazia com ela. Com isso, Nara se livrou de um segredo doloroso.
A história de Nara é ficcional, mas se repete em muitas famílias e grande parte dessa violência acontece dentro de casa. Por esse motivo, o serviço social da unidade escolar promoveu ações alusivas à campanha do dia 18 de maio, que engloba atividades de conscientização e combate ao abuso e exploração sexual de crianças.
Dados do Disque 100, principal canal de denúncia a respeito de violações dos direitos humanos, mostram que em 2017 foram feitas mais de 20 mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes em todo o Brasil, um aumento de quase 30% em relação ao ano anterior. De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), em Alagoas foram feitos, de janeiro a maio deste ano, 343 exames de conjunção carnal em jovens de até 17 anos. O exame é feito para atestar a ocorrência de relação sexual.
A campanha teve como principal objetivo incentivar as crianças a expor situações de violação e abuso. A temática foi trabalhada em toda a escola e contou com a participação e engajamento da equipe da unidade. Foram trabalhadas com os alunos contação de histórias, exibição de filmes, aplicação de dinâmicas de grupo, confecção de cartazes, pintura, colagem e desenhos.
Ao todo, 230 estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, além dos Programa Acelera e Se Liga, participaram das atividades que aconteceram entre os dias 2 e 24 de maio.
Lara, do 4º ano, disse que esse projeto foi muito educativo. “Precisamos saber mais sobre algumas coisas que pessoas ruins podem fazer com a gente. Eu aprendi que nenhum estranho pode tocar em nós, e caso alguém toque, precisamos contar aos nossos pais para que eles façam alguma coisa”, disse a estudante.
Além do trabalho com as crianças e adolescentes, foi distribuída uma cartilha informativa aos educadores e técnicos da escola. O material mostra os principais sinais e formas de identificar crianças que estejam sofrendo esse tipo de violência, além de descrever os comportamentos que elas apresentam nesse tipo de situação e como costumam se sentir.
A professora Tânia Lima explica como trabalhou o tema em sala de aula com seus alunos. “Após a exibição do filme, fizemos um debate em sala de aula”, afirmou.

A assistente social da Escola Audival Amélio, Lourene Galdino, destacou a importância de se trabalhar a temática nas escolas. Para ela, conscientizar a comunidade escolar é fundamental para evitar esse tipo de violação aos direitos das crianças e adolescentes. “A proteção social dos alunos deve ser tratada como prioridade absoluta. Além disso, nosso foco é enfatizar a denúncia como principal instrumento de concretização das ações que promovemos na escola”, ressaltou.
Para encerrar o mês de conscientização do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) promoveu, na segunda-feira (28), o Seminário de Enfrentamento à Exploração e Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes. O evento teve como objetivo orientar professores, coordenadores, assistentes sociais, gestores e técnicos da rede municipal de ensino para debater a temática, além de convocar os agentes educacionais ao engajamento contra a violação dos direitos sexuais.
“A melhor maneira de se combater a violência sexual contra essa parcela da população é prevenir. Por isso, é necessário um trabalho informativo com os profissionais da área de educação e a sensibilização da população em geral”, contou a coordenadora de centros e núcleos da Semed, Ticyane Bentes.
Além da Escola Municipal Audival Amélio, outras unidades promoveram atividades alusivas à campanha. Todo o trabalho contou com o apoio da comunidade escolar e familiares.
Eduardo Araújo (estagiário)/ Ascom Semed

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