Legado patriarcal e masculino interfere na educação e deve ser estudado para minimizar a violência
Texto e fotos: Adriana Thiara
Oliveira
Profa. Dra. Elvira Simões Barreto, coordenadora do Núcleo da Mulher e Cidadania/FSSO/Ufal. |
Cerca de 150 professores,
diretores, coordenadores pedagógicos e assistentes sociais da rede
municipal de ensino estiveram reunidos na manhã de hoje (09), no
auditório da Esmal, para discutir sobre a violência na infância e
adolescência.
O encontro, promovido pela
Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed), por meio do
Centro de Atenção Integrada à Criança e o Adolescente (Caica) e
Núcleo de Estudos da Diversidade Sexual na Escola (Nudise) trouxeram
a tona um debate histórico sobre a interferência do modelo
patriarcal na formação da criança e suas implicações sociais,
entre elas a violência como reflexo desse modelo.
Durante o debate liderado
pela Profa. Dra. Elvira Simões Barreto, coordenadora do Núcleo da
Mulher e Cidadania/FSSO/Ufal, sobre o tema “A Construção da
Masculinidade Patriarcal no Processo Educativo: percebendo as raízes
da violência contra crianças e adolescentes”, foram levantadas
questões sobre a importância da diferença de gênero na formação
da criança.
Segundo a Elvira Barreto,
antes mesmo da criança nascer, ela já é um ser social que recebe
influências sobre quem ela será ou o que fará. A partir da idade
escolar, essa criança interage com vários modelos, atualmente,
baseado no masculino viril – aquele que o homem tem atitudes e
comportamento desprovido de sensibilidade, empatia e agressividade.
Ainda de acordo com a
estudiosa, são estes modelos, arraigados numa sociedade patriarcal e
masculina, que as crianças acabam por se identificar e, como
resultado a longo prazo, tem-se a violência, seja ela física ou
psicológica.
“São atitudes simples que
demonstram a masculinidade patriarcal. A exemplo a arrumação da
sala, onde as meninas varrem e organizam e os meninos arrastam
móveis. Ou quando uma criança cai, sendo menina recebe mino, sendo
menino é orientado a não chorar. Isso gera na criança a percepção
que mulheres são frágeis, emocionais e direcionadas a atividades
privadas, como cuidar da casa e dos filhos; e os homens são viris,
menos emocionais e protetores, cabendo a eles os papeis de provedor e
porto seguro. Como se sentem “machos pleno”, o homem acaba por se
tornar um ser social mais agressivo e, consequentemente, mais
violento”, afirma a Profa. Dra. Elvira Barreto.
Para ela, a escola deve ser
o ambiente onde se deve romper com as normas fixas e incentivar a
igualdade. “O desafio é sensibilizar e capacitar os professores,
inicialmente, a mudar de postura e depois, orientar as crianças e as
famílias que a relação com os gêneros é salutar”, reforça a
estudiosa.
Para Sônia Moraes, Diretora
Geral de Ensino (Digen) da Semed, a preocupação com a violência
tem feito com que políticas educacionais sejam revistas. “Estamos
nos aproximando do corpo pedagógico da escola – diretores,
coordenadores e professores – dos pais e da comunidade para
orientar que a escola é a principal parceria no combate à
violência”, reforça Sônia.
Segundo Ticiane Melo Bentes,
diretora do Caica, essa atividade foi formatada como parte das ações
preparadas para a implantação de um projeto-piloto para trabalhar a
temática Violência na rede municipal de educação. “A legislação
brasileira no que se refere à proteção da infância e da
adolescência é uma das mais avançadas do mundo. É hora de
mobilizar e convocar a sociedade a participar dessa luta”, afirma
Ticiane.
Durante o encontro estavam
presentes a Juíza Fátima Pirauá, o presidente do conselho Estadual
dos Direitos da Criança e do Adolescente, Fernando Soriano, a
coordenadora do Proerd, Tenente Coronel Valdenize Silva e Dalva Costa, coordenadora do Nudise.
A programação ainda contou
com uma apresentação cultural de violino, regida pelo Prof. Tércio
Smith, coordenador do Projeto Violino da Semed.
Nenhum comentário:
Postar um comentário