terça-feira, 9 de abril de 2013

Violência Infantil é discutida por profissionais da educação municipal


Legado patriarcal e masculino interfere na educação e deve ser estudado para minimizar a violência



Texto e fotos: Adriana Thiara Oliveira


Profa. Dra. Elvira Simões Barreto,
coordenadora do Núcleo da Mulher e Cidadania/FSSO/Ufal.


Cerca de 150 professores, diretores, coordenadores pedagógicos e assistentes sociais da rede municipal de ensino estiveram reunidos na manhã de hoje (09), no auditório da Esmal, para discutir sobre a violência na infância e adolescência.

O encontro, promovido pela Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed), por meio do Centro de Atenção Integrada à Criança e o Adolescente (Caica) e Núcleo de Estudos da Diversidade Sexual na Escola (Nudise) trouxeram a tona um debate histórico sobre a interferência do modelo patriarcal na formação da criança e suas implicações sociais, entre elas a violência como reflexo desse modelo.





Durante o debate liderado pela Profa. Dra. Elvira Simões Barreto, coordenadora do Núcleo da Mulher e Cidadania/FSSO/Ufal, sobre o tema “A Construção da Masculinidade Patriarcal no Processo Educativo: percebendo as raízes da violência contra crianças e adolescentes”, foram levantadas questões sobre a importância da diferença de gênero na formação da criança.

Segundo a Elvira Barreto, antes mesmo da criança nascer, ela já é um ser social que recebe influências sobre quem ela será ou o que fará. A partir da idade escolar, essa criança interage com vários modelos, atualmente, baseado no masculino viril – aquele que o homem tem atitudes e comportamento desprovido de sensibilidade, empatia e agressividade.

Ainda de acordo com a estudiosa, são estes modelos, arraigados numa sociedade patriarcal e masculina, que as crianças acabam por se identificar e, como resultado a longo prazo, tem-se a violência, seja ela física ou psicológica.

São atitudes simples que demonstram a masculinidade patriarcal. A exemplo a arrumação da sala, onde as meninas varrem e organizam e os meninos arrastam móveis. Ou quando uma criança cai, sendo menina recebe mino, sendo menino é orientado a não chorar. Isso gera na criança a percepção que mulheres são frágeis, emocionais e direcionadas a atividades privadas, como cuidar da casa e dos filhos; e os homens são viris, menos emocionais e protetores, cabendo a eles os papeis de provedor e porto seguro. Como se sentem “machos pleno”, o homem acaba por se tornar um ser social mais agressivo e, consequentemente, mais violento”, afirma a Profa. Dra. Elvira Barreto.

Para ela, a escola deve ser o ambiente onde se deve romper com as normas fixas e incentivar a igualdade. “O desafio é sensibilizar e capacitar os professores, inicialmente, a mudar de postura e depois, orientar as crianças e as famílias que a relação com os gêneros é salutar”, reforça a estudiosa.

Para Sônia Moraes, Diretora Geral de Ensino (Digen) da Semed, a preocupação com a violência tem feito com que políticas educacionais sejam revistas. “Estamos nos aproximando do corpo pedagógico da escola – diretores, coordenadores e professores – dos pais e da comunidade para orientar que a escola é a principal parceria no combate à violência”, reforça Sônia.

Segundo Ticiane Melo Bentes, diretora do Caica, essa atividade foi formatada como parte das ações preparadas para a implantação de um projeto-piloto para trabalhar a temática Violência na rede municipal de educação. “A legislação brasileira no que se refere à proteção da infância e da adolescência é uma das mais avançadas do mundo. É hora de mobilizar e convocar a sociedade a participar dessa luta”, afirma Ticiane.

Durante o encontro estavam presentes a Juíza Fátima Pirauá, o presidente do conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Fernando Soriano, a coordenadora do Proerd, Tenente Coronel Valdenize Silva e Dalva Costa, coordenadora do Nudise.

A programação ainda contou com uma apresentação cultural de violino, regida pelo Prof. Tércio Smith, coordenador do Projeto Violino da Semed.

Nenhum comentário: