Por Thiago Guimarães – Ascom Projeto Semed/PNUD
Estudantes se divertem e aprendem ao mesmo tempo. Por meio de ações estratégicas, o projeto tem estimulado a arte e cultura na vida das crianças |
É consenso entre os educadores que a participação da família na vida escolar do estudante é de fundamental importância. Todavia, tão importante quanto encurtar a distância entre o processo de educação formal e da educação familiar, é saber usá-la para melhorar o desenvolvimento do estudante em sua rotina escolar, sob todas as suas dimensões: física, emocional, cognitiva, intelectual e relacional. Quando a escola absorve essa premissa e cria estratégias para aproximar esses dois ambientes, tudo muda. Como tentativa de aprimorar essa relação e estabelecer uma cultura colaborativa, foi implementado em três escolas da Rede Municipal de Ensino de Maceió o projeto piloto de Autoavaliação de Escolas.
Solenidade de assinatura do termo de compromisso do Projeto de Autoavaliação Escolar |
A Escola Municipal Selma Bandeira, localizada no bairro do Benedito Bentes, é uma das unidades que integram o projeto. Tudo começou no dia 16 de setembro de 2017, quando sua equipe gestora aceitou o desafio da autoavaliação. Até então, um conceito pouco conhecido no ambiente escolar. A iniciativa partiu da Secretaria Municipal de Educação (Semed), por meio do Setor de Avaliação Escolar (SAVE). Mais tarde, a ação recebeu o apoio técnico do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no âmbito do projeto de cooperação entre as duas partes, iniciado em 2014.
Em pouco mais de um ano de sua implementação, o projeto se revelou uma importante ferramenta de integração e reorganização da escola, que, aos poucos, vem apresentando os primeiros impactos no cotidiano escolar. Isso porque uma das propostas da autoavaliação de escolas consiste em resgatar e fortalecer a ideia de autonomia para que a própria unidade estabeleça e execute suas ações prioritárias, necessárias para sua melhoria.
Para que mudanças reais aconteçam, de fato, a autoavaliação sugere, sobretudo, provocar uma mudança na cultura organizacional das escolas com base em uma gestão mais participativa e colaborativa, que impacte positivamente na qualidade do ensino-aprendizagem dos estudantes, na gestão e organização e no fortalecimento da relação escola/família/comunidade.
Participação dos pais
Suzana Gomes, 32, mãe da aluna Rayane, compreendeu bem esse pensamento colaborativo e passou a fazer parte da Comissão de Autoavaliação Escolar (CAAVE), grupo responsável por conduzir as ações do projeto. Para ela, os pais podem e devem dialogar com a escola. Ainda segundo a mãe, quando comparada com o ano anterior, a escola evoluiu muito, desde sua fachada até o comportamento dos alunos.
“Entrei na comissão para ajudar não só minha filha, mas também para representar outras mães, que, por algum motivo, não podem participar. Se todo mundo der as mãos, a tendência é só melhorar”, complementa Suzana, que também criou um grupo de pais no WhatsApp para compartilhar as atividades da escola.
Reunião da Comissão de Autoavaliação de Escolas -CAAVE |
Não satisfeita em ser estudante do Projovem, mãe de alunos, membro do conselho escolar e também funcionária, a jovem Jeane da Silva Balbino, 27, assim como Suzana, também abraçou a ideia do projeto. Ela conta que, no início, não queria participar da comissão, mas, aos poucos, foi entendendo que para que haja uma mudança real todos devem se doar um pouco.
“Ter a oportunidade de falar abertamente sobre o espaço onde eu e meus filhos estudamos é maravilhoso”. Segundo ela, a maior mudança partiu dos próprios funcionários em querer mudar a realidade da escola. “Para continuar avançando precisamos de mais parcerias. Já estamos no caminho certo”, ressalta Jeane, que já antecipa seu desejo em ser professora da educação infantil.
Breve percurso do projeto
Graça Gomes, técnica pedagógica do SAVE, uma das responsáveis pelo acompanhamento do projeto, explica que a escola Selma Bandeira tem uma realidade diferente das escolas Monsenhor Antônio Assunção e Luiz Pedro da Silva IV que participam do piloto de Autoavaliação. Além de um maior número de turmas, 30 no total, a Selma Bandeira também trabalha com Educação de Jovens, Adultos e Idosos – EJAI. Foi justamente por essas especificidades que a unidade também foi convidada a participar dessa experiência.
“Hoje, o que vemos é uma grande evolução dessa escola, em sua interação com os pais e comunidade, na construção do plano de melhorias. Um amadurecimento que se deu por meio de debates, da composição e fortalecimento de parcerias, mas, sobretudo, da compreensão de que a Comissão de Autoavaliação Escolar (CAAVE) – composta por pais, alunos, funcionários e educadores – e a gestão escolar devem caminhar juntas para a melhoria da qualidade da escola”, avalia Graça.
A unidade escolar idealizou o projeto de incentivo à leitura intitulado “E lá vem história”. A ideia é estimular nos estudantes o desejo pela leitura. |
Para receber o projeto, as escolas foram preparadas pelo prof. Dr. Paulo Marinho – da Universidade do Porto e professor visitante da Ufal -, que desenvolveu um intenso trabalho de formação técnica e conceitual com suas respectivas comissões, além de acompanhar todo o processo de implementação como “amigo crítico”.
Apresentação do Plano de Ações de Melhorias – PAM
No dia 8 de novembro, a coordenadora da CAAVE da Selma Bandeira, Alessandra Almeida, apresentou para toda a comunidade educativa o Plano de Ações de Melhorias – PAM, que já está sendo executado. O plano foi construído com base na escuta, através de questionários e grupos focais, com mais de 160 pessoas, entre pais, alunos e funcionários. O objetivo foi identificar pontos fortes e fracos da escola, bem como apresentar e executar ações de melhorias. Durante o encontro de socialização, participaram estudantes do Projovem e Ejai, pais, comunidade e equipes gestoras das outras duas escolas do piloto, além das equipes técnicas da Semed e PNUD.
À esquerda, Paola Barbieri, coordenadora local do projeto Semed/PNUD. Ao seu lado, Paulo Marinho, coordenador científico do projeto piloto de Autoavaliação de Escolas |
Alcance
Para Paola Barbieri, coordenadora local do projeto Semed/PNUD, o projeto reforça a ideia da escola como irradiadora de conhecimento, de referência para a comunidade, através do qual as pessoas se sintam acolhidas e representadas. Barbieri reforça que as ações do projeto estão alinhadas com a agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, sobretudo com o objetivo 4 que norteia o projeto do PNUD na capital alagoana desde 2014.
“Estamos felizes de termos acompanhado esse projeto desde o nascimento até sua implementação. Está sendo um aprendizado para nós do PNUD também. Quando tivemos a oportunidade de conhecer as referências do projeto em Portugal, percebemos que ele traria um norte conceitual muito importante para Maceió, pois vimos um esforço do fortalecimento da gestão escolar e da melhoria da aprendizagem. Nosso papel, nesse caso, é apoiar a formulação de políticas públicas na área de avaliação, como também dar visibilidade a essa experiência em outras localidades, inclusive fora do Brasil”, contextualiza Barbieri.
A escola deve ser percebida como um ambiente de orientação, de convivência, ludicidade e aprendizado de todos e de cada um. |
A autoavaliação propõe uma reorganização do trabalho escolar, a partir da ótica de quem a vive todos os dias, em seus desafios, sonhos e perspectivas. Espera-se, que suas ações ultrapassem os muros da escola, amadureçam e engajem outras pessoas e instituições, criando uma rede de apoio empoderada, ancorada em uma atmosfera escolar leve, segura e integrada com a comunidade. Por isso, o norte de todo esse empenho coletivo é a melhoria da qualidade da educação destinada aos estudantes da Rede Municipal de Ensino de Maceió.
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