quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Educador lança livro sobre o uso de história em quadrinhos e a produção escrita de alunos surdos



colaboração: Márcia Túlia Pessôa





Nem o acidente de bicicleta, nem as dificuldades enfrentadas após o diagnóstico de tetraplegia impediram o alagoano e educador físico que atua no departamento de Educação Especial da Semed, Jorge Fireman de concluir o curso superior de Educação Física e se dedicar a estudar o uso da tecnologia educacional para ampliar as fronteiras da inclusão de pessoas com deficiência.



Durante a V Bienal do Livro, no Centro de Convenções de Maceió, o educador Jorge Fireman lançou seu primeiro livro sobre o assunto. Intitulado “Uso do software Hagaquê para a prática da Língua Portuguesa escrita da pessoa com surdez”, o trabalho é resultado dos estudos do autor sobre os avanços da produção escrita de jovens surdos a partir da utilização de um software de história em quadrinhos.



Os estudos, segundo Fireman, foram desenvolvidos durante o mestrado em Educação Brasileira, realizado pelo Programa de Pós-Graduação do Centro de Educação, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). De acordo com ele, o software Hagaquê foi desenvolvido por uma professora de São Paulo e, por meio das imagens e das histórias em quadrinhos, foi possível estimular a produção escrita de alunos com surdez matriculados na rede municipal de ensino e em Instituição de ensino superior privada de Maceió. “O software permite que os estudantes com surdez utilizem diversos personagens e imagens para a montagem de cenários que representem situações concretas, como em uma história em quadrinhos, facilitando a comunicação e a produção escrita a partir da associação das imagens e cenários criados com os conteúdos vistos em sala de aula”, explica o autor.



O educador explicou ainda, que os alunos com surdez utilizaram o software Hagaquê no laboratório de informática, para a realização de atividades envolvendo a produção escrita. “No início, os alunos escreviam somente 2 ou 3 palavras nos quadrinhos e no decorrer do estudo passaram a escrever de 8 a 15 palavras. Isso é um avanço muito grande para pessoas surdas, pois o indivíduo ouvinte escreve como ouve e pensa”, disse.



Já os alunos com surdez, se comunicam através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que é uma língua com estrutura e características próprias, bem diferente da Língua Portuguesa. “Com os resultados obtidos, os professores e os intérpretes de LIBRAS se surpreenderam. Os alunos se sentiram cada vez mais confiantes. A educação da pessoa com surdez enfrenta diversas dificuldades, dentre elas a falta de uma proposta pedagógica que respeite as particularidades linguísticas do aluno com surdez. São iniciativas como esta que comprovam que o acesso e permanência no ambiente escolar é possível”, defende Fireman.



Sobre o autor:



O autor Jorge Fireman tem 34 anos, é formado em Educação Física, com mestrado em Educação Brasileira pela Ufal. No ano de 2003, faltando seis meses de concluir a graduação, Fireman foi atropelado por um carro quando chegava à academia de bicicleta. Após o acidente, ficou tetraplégico, o que comprometeu os movimentos das pernas e parcialmente dos braços. A partir daí, começou a trabalhar pela inclusão das pessoas com deficiência.



Criou o Fórum Pró-acesso em 2006 para discutir políticas públicas voltadas para as pessoas com deficiência. Desde então, faz palestras sobre a acessibilidade, educação especial e educação inclusiva, diversidade no ambiente educacional e corporativo, empregabilidade para a pessoa com deficiência e Direitos Humanos.



Atua no departamento de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Maceió desde 2008. Foi presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e diretor do departamento de Educação Especial no biênio 2009-2011. É parceiro da Agência Brasileira de Recursos Humanos/ABRH-AL e desenvolve como professor autônomo diversas atividades de aperfeiçoamento profissional para o Serviço Nacional de Aprendizagem de Cooperativismo /SESCOOP-AL.




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