quinta-feira, 26 de abril de 2018

Educadores debatem a questão indígena no currículo escolar


Seminário discutiu abordagem das questões indígenas
na educação básica. Foto: Ascom Semed
O Auditório Paulo Freire, na sede da Secretaria Municipal de Educação (Semed), na Cambona, ficou lotado na manhã desta quinta-feira (26) por professores, diretores escolares e coordenadores pedagógicos da secretaria, que participaram do seminário “A questão indígena no currículo escolar”. O evento promovido pelo Núcleo de Diversidade Étnico Racial (Neder), que faz parte da Coordenadoria Geral de Centros e Núcleos da Semed, foi promovido para discutir a implementação da Lei Federal 11.645/08, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

Na palestra sobre o tema do encontro, proferida pelo professor Jorge Luiz Gonzaga Vieira, do Núcleo Acadêmico Afro-Indígena do Centro Universitário Cesmac (Nafri), houve discussão e debate sobre a abordagem da temática relacionada aos índios nas escolas, pelo menos nos últimos 30 anos. “Há pelo menos três décadas, falar sobre a questão indígena era estranho e exótico, devido ao estereótipo apresentado. Então, o estágio atual que vemos na Semed, que busca desmistificar esse cenário, representa um grande avanço”, disse Jorge Vieira.
Doutor na temática indígena, Jorge Vieira afirma que as ações da Semed nessa área representam um grande passo em nível estadual. Ele citou estudo do antropólogo Everardo Rocha, que apresenta uma descrição do índio em diferentes fases da sociedade, buscando criar um imaginário fundamentado no período colonial. “O Everardo cita, no seu livro O Que é Etnocentrismo, que a sociedade via o caso dos índios brasileiros de forma bastante ilustrativa, pois alguns antropólogos estudiosos do assunto já identificaram determinadas visões básicas, determinados estereótipos que são permanentemente aplicados a estes índios”, comentou Vieira, para demonstrar o caráter exótico que ainda cerca a abordagem sobre os povos indígenas no Brasil.
A técnica do Neder Denise Rocha informou que é índia e não pode ser caracterizada como as imagens ilustrativas dos livros antigos. “Índio, hoje, pode estar em qualquer lugar, até mesmo do seu lado, e não apenas nas matas, andando sem roupa, como ilustram muitos livros”, disse ela. “A denominação de índio foi dada pelo invasor e é preciso levar para a sala de aula uma verdadeira concepção de etnia”, defendeu Denise.
A coordenadora do Departamento de Centros e Núcleos da Semed, Ticyane Bentes, destacou que a cultura da paz deve permanecer em todos os ambientes escolares. Diretor de Gerenciamento Escolar da Semed, o professor Roberval Ferreira também participou do seminário e reforçou a importância do evento como forma de intensificar o cumprimento da lei federal que institui o ensino da história e da cultura afro e indígena.
O auditório da Semed foi decorado de maneira especial para a solenidade, com artigos produzidos por índios do povo Kariri-xocó, de Porto Real do Colégio, em Alagoas. Também foi feita a entrega do Dicionário Tupi Antigo, A Língua Indígena Clássica do Brasil, de Eduardo Navarro, para cada escola da Rede Municipal de Ensino de Maceió.
Delane Barros/Ascom Semed

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