Texto de Delane Barros e Fotos Janaína Farias
O trauma causado pelo abuso sexual em crianças foi encenado em uma
peça teatral e em uma exposição de desenhos nesta quinta-feira (16), na
escola municipal Rui Palmeira, no Vergel.
A atividade faz parte do projeto-piloto “Crianças e Adolescentes em
situação de abuso e exploração sexual: desvelando vozes silenciadas,
quebrando o ciclo de violência”, que está incluso na programação da
Semana Alagoana de Combate à Violência.
A iniciativa surgiu após a direção da unidade de ensino constatar que
algumas dessas vítimas são matriculadas e a escola aproveitou o momento
para externas à sociedade em geral o grave problema e buscar apoio para
o caso.
De acordo com Ticyani Bentes, diretora do Centro de Atenção Integrada
a Criança e ao Adolescente (Caica), da Semed, esse momento reafirma o
compromisso com a causa, mostrando que tem uma rede de proteção da
criança e do adolescente e, que a Educação de Maceió faz parte dela.
A juíza-auxiliar da Corregedoria-geral da Justiça de Alagoas, Fátima
Pirauá, participou da atividade na escola e relata o que o abuso e a
violência são considerados a pior das práticas criminosas. “O silêncio é
que faz esse crime ser ainda mais cruel. Prova desse silêncio é que no
ano de 2012 houve a abertura de apenas 160 processos. Por acaso só houve
essa quantidade de casos? Claro que não, mas existe o medo, a vergonha e
até a culpa”, declara a magistrada.
A professora de artes, que planejou a peça de teatro, Lindiane
Heliomarie, afirma que teve a ideia a fim de ajudar a essas vítimas,
para que elas entendam que podem se libertar, que podem denunciar e
pedir socorro. “Tentei retratar esse momento de dor, que causa uma
explosão de sentimentos”, resume ela.
O presidente da Câmara Municipal de Maceió, vereador Francisco Holanda Filho, participou da programação como convidado e externou sua revolta com os casos de violência sexual. “Antes de ser um ente político, sou pai e considero inaceitável a
exploração sexual. Entendo que o poder público tem que estar atento a
essa triste realidade e cuidar com bastante zelo. Considero necessário,
também, a manutenção de uma legislação sempre atual, atrelada ao
Estatuto da Criança e do Adolescente, a fim de mantê-lo dinâmico para
atender ao público a que se destina”, afirmou ele.
Ação das crianças
A apresentação teatral fez parte de um projeto desenvolvido na escola e quando os alunos foram envolvidos, participaram com a confecção de
textos, cartazes, pinturas, desenhos e colagens sobre o problema.
“Realizamos diversas atividades abordando o tema e fomos surpreendidos
com diversos casos de abuso sexual na escola e aqui, no ambiente
escolar, é o local de acolhimento dessas crianças”, explica a diretora
da escola, Maria Aparecida Paciência.
Os cartazes dispostos na área comum da escola deixam bem claro os
danos psicológicos causados às vítimas. Os autores dos trabalhos não são
identificados, mas constrangedor a quem os vê. Demonstram a prática do
ato sexual tendo sempre as figuras de um adulto e um menor, normalmente
com lágrimas no rosto.
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